sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CASAMENTO AFRICANO






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Conhecida por ser a região do planeta com maior quantidade de civilizações antigas, a África é um continente de extensa diversidade étnica, cultural e social. Existem milhares de tribos diferentes, cada uma com seus costumes, crenças e histórias. Tudo isso, naturalmente, é refletido nas tradições relacionadas ao casamento.

Embora muitas dessas tradições sejam completamente diferentes entre si , e algumas sejam consideradas inaceitáveis em determinadas regiões, existem questões e detalhes em comum nos casamentos celebrados no continente.


Para muitos povos africanos, a preparação do casamento começa ainda na juventude, e uniões arranjadas são comuns. Homens e mulheres recebem orientação para se tornarem parceiros ideais. No caso delas, há algumas que chegam até mesmo a frequentar escolas especiais, onde aprendem a ser boas esposas e como se comunicar entre si acerca dos problemas familiares sem que os maridos percebam o que dizem.
Assim como em outras regiões do mundo, o casamento africano é um evento que celebra a família e a união de duas pessoas. Em alguns locais, toda a comunidade é envolvida na comemoração, e a noiva é vista como a responsável pela continuidade do povo.



A maioria dos casamentos celebrados na África não tem registro legal e, muitas vezes, nem cerimônia religiosa. Apenas a celebração e o cumprimento dos costumes são suficientes para que a sociedade passe a aceitar e tratar um homem e uma mulher como casados.
CELEBRAÇÕES



Muita cor, música e danças: esses são os elementos principais de um típico casamento africano.  Porém, dependendo da região em que o casamento é realizado, as cerimônias podem durar dias e serem extremamente elaboradas. Há também os casamentos coletivos, onde diversos casais são casados ao mesmo tempo.
Na data marcada pelo noivo e sua família, os convidados se dirigem pela manhã ao local da cerimônia, geralmente na casa da noiva, para o inicio da celebração. A família no noivo senta de um lado, enquanto que a família da noiva senta-se do outro lado.
A  cerimônia tem início com uma oração e apresentações e esta é feita pela pessoa mais velha da família do casal.
A família dos noivos começa apresentando o dote e os outros itens da lista, um por um. A negociação é feita e fechada da melhor forma possível para as ambas as famílias. Nessa etapa a noiva não está presente, apenas o noivo, porém este se mantém calado e todo o processo é feito através de uma pessoa designada pela família.
Uma vez que toda a negociação é finalizada, a noiva aparece para que o noivo a reconheça como tal, e após essa confirmação, a noiva confirma, mediante a três intervenções de seu pai, se ela realmente concorda com o casamento.  No final de todo o ritual, o noivo coloca o anel na mão da noiva e podem enfim beijar e abraçar a noiva.
Mais orações são feitas e as bênçãos finais dadas. Uma grande festa é oferecida aos convidados com muita comida, bebida e musica até o anoitecer.


Veja algumas das diferenças nas tradições dos casamentos africanos, de acordo com as regiões em que são realizados:
ANGOLA
Em razão dessas características, o matrimônio tradicional angolano é um evento que, muitas vezes, envolve mais aspectos econômicos e sociais do que o relacionamento amoroso entre duas pessoas. Assim, o pedido de casamento é um processo bem mais importante do que a cerimônia ou a união em si.
O “alambamento” é uma tradição muito forte em Angola, que persiste até os dias de hoje. Esse processo é iniciado quando o noivo ou sua família enviam uma carta à família da noiva, manifestando interesse no casamento. A aprovação da família é fundamental para que a matrimônio se concretize. Por isso, esse pedido formal é muito importante.
O responsável por cuidar do alambamento é o tio da noiva, que escolhe uma data para que o futuro marido peça a mão de sua sobrinha pessoalmente. O tio também é responsável por confeccionar uma lista com itens que o noivo deve providenciar até esse dia. Em geral, a lista é composta por uma quantia de dinheiro, engradados de cerveja e refrigerante, animais, ouro e sapatos para a família.
No dia estipulado, o noivo deve ir até a casa de sua futura esposa para se apresentar formalmente e anunciar o início do pedido de casamento. A lista de itens exigidos é lida em voz alta para que o pai da noiva concorde com seu conteúdo. Em seguida, o noivo apresenta os itens que juntou. Caso todas as exigências tenham sido cumpridas, as famílias imediatamente se reúnem para marcar o "grande dia" e providenciar outros detalhes do evento.
Há uma grande festa em comemoração ao “alambamento”, com música, dança e bebidas (as mesmas providenciadas pelo noivo). A cerimônia de casamento em si costuma ser bem mais simples. Muitas vezes, ela se torna até desnecessária, uma vez que os noivos passam a ser considerados marido e mulher assim que os itens da lista de pedidos do tio são aceitos pela família da noiva.
ETIÓPIA
A tribo “Karo” decora suas noivas com tatuagens no abdômen que contem diferentes símbolos, de acordo com a história de vida da noiva e sobre o casamento.
Na tribo “Amhara”, muitos casamentos são negociados pelas duas famílias. A cerimônia civil sela o contrato, esta pode ter um sacerdote presente ou não. Existe também o casamento temporário, que é feito através de um acordo verbal antes de ser realizado o casamento em frente às testemunhas.
GANA
A cerimônia do casamento de Gana é uma cerimônia tradicional, onde o noivo acompanhado por sua família formalmente pede a mão da noiva em casamento na presença de familiares, amigos e simpatizantes. A tradicional cerimônia é um rito necessário comum de casamento para todos os casais de Gana. Porém nos dias de hoje, a maioria dos casais também realizam o casamento em uma igreja ocidental, além da cerimônia de casamento tradicional.
NAMÍBIA
O povo Himba da Namíbia rapta a noiva antes da cerimônia do casamento e coloca-lhe uma espécie de coroa feita em pele. Depois da cerimônia ela é levada à casa da família onde passará a morar e recebe suas novas responsabilidades de casada. Depois ela é besuntada de manteiga para lhe demonstrar que foi bem aceite na família.  
NIGÉRIA
Os Wodabee da Nigéria cortejam as primas para casar. Os rapazes usam amuletos poderosos para demonstrar o seu encanto às suas primas. Se existirem 2 primos que pretendam a mesma mulher, esta escolhe um deles, sendo o outro primo convidado a ser amigo do casal e a freqüentar a sua casa, e por vezes até a sua cama! 
QUÊNIA
Para a tribo Massai, os noivos são escolhidos pelos familiares e já estão predestinados desde criança. No casamento, as mulheres são casadas com homens que não conhecem, usualmente muito mais velhos que elas. A noiva recolhe todos os seus bens, e é vestida com as mais finas jóias. Durante a cerimônia, o pai da noiva cospe na sua cabeça e peito como sinal da sua bênção; depois a noiva parte com o seu marido para a sua nova casa sem olhar para trás, pois reza a lenda, que se assim não fizer ela transformar-se-á em pedra.
O povo Swahili banha as noivas em óleos de sândalo e tatuam henna nos seus pés e mãos. Uma mulher mais velha dá instruções à noiva sobre como ser uma boa esposa, como agradar e fazer sentir bem o seu marido. Por vezes, esta mulher mais velha esconde-se por debaixo da cama dos recém-casados para o caso de serem necessárias instruções adicionais.
Em outras regiões do Quênia, a maior festa do casamento é a “Kupamba” realizada na noite após o casamento, sendo basicamente criada para exibir a noiva para as outras mulheres da tribo. Esta festa é exclusiva para as mulheres onde os homens não podem entrar, pois nela os véus são retirados e as mulheres poderão exibir seus pentados e jóias, o que a torna uma verdadeira competição. Segundo eles a mulher que possui melhores jóias é a que tem melhor marido.
Para o povo Samburu o casamento é uma serie de rituais elaborados. Se inicia pela preparação dos presentes do noivo (duas cabras, dois brincos de cobre, um recipiente para leite, uma ovelha) e de presentes para a cerimônia. O casamento é finalmente celebrado quando um touro entra na cabana onde está a noiva e sua mãe, e este é morto.
SENEGAL
Nas tradicionais cerimônias de casamento desta região da África, os pais do noivo envia o seu filho mais velho para a cada dos pais da noiva, e junto com ele o dote (que pode ser em dinheiro, carros ou até casas). Os pais da noiva a consultam para saber se ela aceita tal união. Após a confirmação as duas famílias escolhem e marcam a data do casamento. Um dia antes da data escolhida, a família do noivo promove uma festa para a noiva e para prepará-la para viver com sua nova família. O casamento é realizado na casa do noivo. Os pais recebem os convidados com comida e bebidas não alcoólicas, enquanto esses trazem presentes em dinheiro, bebidas, açúcar ou especiarias.
SUDÃO
No povo Neur do sul do Sudão, o noivo tem de pagar de 20 a 40 cabeças de gado à família da sua noiva e o casamento só é considerado completo depois de a mulher ter dado à luz 2 filhos. Se a mulher não conseguir dar à luz, ele pode pedir o retorno das cabeças de gado. No entanto, se o marido falecer, a família do noivo deverá providenciar um irmão do falecido à viúva e este deverá adotar as crianças do seu irmão como suas.
ZIMBABUE
Na tribo Shona, o casamento é um processo que pode durar vários meses. O noivo paga um dote para casar, porem quem decide a data é a noiva, e esta não avisa ao marido, ou seja, a data é um segredo. Acompanhada de seus parentes ela caminha até a aldeia do noivo coberta de branco da cabeça aos pés, ninguém poderá ver seu rosto. Enquanto caminha, a família dança e solta sons ululantes e preparam uma festa improvisada.
A noiva coberta, percorre toda a vila ao passo que moradores e familiares jogam dinheiro aos seus pés e cantam musicas sobre casamentos felizes. Ela é consuzida por sua mãe, até a casa da justiça, uma espécie de cartório, onde tira o véu. Sua família e os demais presentes a vê pela primeira vez e uma grande festa com comida, bebida e muita dança é servida até o amanhecer. 


CURIOSIDADES

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