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Conhecida
por ser a região do planeta com maior quantidade de civilizações
antigas, a África é um continente de extensa diversidade étnica,
cultural e social. Existem milhares de tribos diferentes, cada uma com
seus costumes, crenças e histórias. Tudo isso, naturalmente, é refletido
nas tradições relacionadas ao casamento.
Embora muitas
dessas tradições sejam completamente diferentes entre si , e algumas
sejam consideradas inaceitáveis em determinadas regiões, existem
questões e detalhes em comum nos casamentos celebrados no continente.
Para
muitos povos africanos, a preparação do casamento começa ainda na
juventude, e uniões arranjadas são comuns. Homens e mulheres recebem
orientação para se tornarem parceiros ideais. No caso delas, há algumas
que chegam até mesmo a frequentar escolas
especiais, onde aprendem a ser boas esposas e como se comunicar entre
si acerca dos problemas familiares sem que os maridos percebam o que
dizem.
Assim
como em outras regiões do mundo, o casamento africano é um evento que
celebra a família e a união de duas pessoas. Em alguns locais, toda a
comunidade é envolvida na comemoração, e a noiva é vista como a
responsável pela continuidade do povo.
A
maioria dos casamentos celebrados na África não tem registro legal e,
muitas vezes, nem cerimônia religiosa. Apenas a celebração e o
cumprimento dos costumes são suficientes para que a sociedade passe a
aceitar e tratar um homem e uma mulher como casados.
CELEBRAÇÕES
Muita
cor, música e danças: esses são os elementos principais de um típico
casamento africano. Porém, dependendo da região em que o casamento é
realizado, as cerimônias podem durar dias e serem extremamente
elaboradas. Há também os casamentos coletivos, onde diversos casais são
casados ao mesmo tempo.
Na
data marcada pelo noivo e sua família, os convidados se dirigem pela
manhã ao local da cerimônia, geralmente na casa da noiva, para o inicio
da celebração. A família no noivo senta de um lado, enquanto que a
família da noiva senta-se do outro lado.
A cerimônia tem início com uma oração e apresentações e esta é feita pela pessoa mais velha da família do casal.
A
família dos noivos começa apresentando o dote e os outros itens da
lista, um por um. A negociação é feita e fechada da melhor forma
possível para as ambas as famílias. Nessa etapa a noiva não está
presente, apenas o noivo, porém este se mantém calado e todo o processo é
feito através de uma pessoa designada pela família.
Uma
vez que toda a negociação é finalizada, a noiva aparece para que o
noivo a reconheça como tal, e após essa confirmação, a noiva confirma,
mediante a três intervenções de seu pai, se ela realmente concorda com o
casamento. No final de todo o ritual, o noivo coloca o anel na mão da
noiva e podem enfim beijar e abraçar a noiva.
Mais
orações são feitas e as bênçãos finais dadas. Uma grande festa é
oferecida aos convidados com muita comida, bebida e musica até o
anoitecer.
Veja algumas das diferenças nas tradições dos casamentos africanos, de acordo com as regiões em que são realizados:
ANGOLA
Em
razão dessas características, o matrimônio tradicional angolano é um
evento que, muitas vezes, envolve mais aspectos econômicos e sociais do
que o relacionamento amoroso entre duas pessoas. Assim, o pedido de
casamento é um processo bem mais importante do que a cerimônia ou a
união em si.
O “alambamento”
é uma tradição muito forte em Angola, que persiste até os dias de hoje.
Esse processo é iniciado quando o noivo ou sua família enviam uma carta
à família da noiva, manifestando interesse no casamento. A aprovação da
família é fundamental para que a matrimônio se concretize. Por isso,
esse pedido formal é muito importante.
O responsável por cuidar do alambamento
é o tio da noiva, que escolhe uma data para que o futuro marido peça a
mão de sua sobrinha pessoalmente. O tio também é responsável por
confeccionar uma lista com itens que o noivo deve providenciar até esse
dia. Em geral, a lista é composta por uma quantia de dinheiro,
engradados de cerveja e refrigerante, animais, ouro e sapatos para a
família.
No
dia estipulado, o noivo deve ir até a casa de sua futura esposa para se
apresentar formalmente e anunciar o início do pedido de casamento. A
lista de itens exigidos é lida em voz alta para que o pai da noiva
concorde com seu conteúdo. Em seguida, o noivo apresenta os itens que
juntou. Caso todas as exigências tenham sido cumpridas, as famílias
imediatamente se reúnem para marcar o "grande dia" e providenciar outros
detalhes do evento.
Há
uma grande festa em comemoração ao “alambamento”, com música, dança e
bebidas (as mesmas providenciadas pelo noivo). A cerimônia de casamento
em si costuma ser bem mais simples. Muitas vezes, ela se torna até
desnecessária, uma vez que os noivos passam a ser considerados marido e
mulher assim que os itens da lista de pedidos do tio são aceitos pela
família da noiva.
ETIÓPIA
A tribo “Karo” decora
suas noivas com tatuagens no abdômen que contem diferentes símbolos, de
acordo com a história de vida da noiva e sobre o casamento.
Na tribo “Amhara”, muitos
casamentos são negociados pelas duas famílias. A cerimônia civil sela o
contrato, esta pode ter um sacerdote presente ou não. Existe também o
casamento temporário, que é feito através de um acordo verbal antes de
ser realizado o casamento em frente às testemunhas.
GANA
A
cerimônia do casamento de Gana é uma cerimônia tradicional, onde o
noivo acompanhado por sua família formalmente pede a mão da noiva em
casamento na presença de familiares, amigos e simpatizantes. A
tradicional cerimônia é um rito necessário comum de casamento para todos
os casais de Gana. Porém nos dias de hoje, a maioria dos casais também
realizam o casamento em uma igreja ocidental, além da cerimônia de
casamento tradicional.
NAMÍBIA
O povo Himba
da Namíbia rapta a noiva antes da cerimônia do casamento e coloca-lhe
uma espécie de coroa feita em pele. Depois da cerimônia ela é levada à
casa da família onde passará a morar e recebe suas novas
responsabilidades de casada. Depois ela é besuntada de manteiga para lhe
demonstrar que foi bem aceite na família.
NIGÉRIA
Os Wodabee
da Nigéria cortejam as primas para casar. Os rapazes usam amuletos
poderosos para demonstrar o seu encanto às suas primas. Se existirem 2
primos que pretendam a mesma mulher, esta escolhe um deles, sendo o
outro primo convidado a ser amigo do casal e a freqüentar a sua casa, e
por vezes até a sua cama!
QUÊNIA
Para a tribo Massai, os
noivos são escolhidos pelos familiares e já estão predestinados desde
criança. No casamento, as mulheres são casadas com homens que não
conhecem, usualmente muito mais velhos que elas. A noiva recolhe todos
os seus bens, e é vestida com as mais finas jóias. Durante a cerimônia, o
pai da noiva cospe na sua cabeça e peito como sinal da sua bênção;
depois a noiva parte com o seu marido para a sua nova casa sem olhar para trás, pois reza a lenda, que se assim não fizer ela transformar-se-á em pedra.
O povo Swahili
banha as noivas em óleos de sândalo e tatuam henna nos seus pés e mãos.
Uma mulher mais velha dá instruções à noiva sobre como ser uma boa
esposa, como agradar e fazer sentir bem o seu marido. Por vezes, esta
mulher mais velha esconde-se por debaixo da cama dos recém-casados para o
caso de serem necessárias instruções adicionais.
Em outras regiões do Quênia, a maior festa do casamento é a “Kupamba” realizada
na noite após o casamento, sendo basicamente criada para exibir a noiva
para as outras mulheres da tribo. Esta festa é exclusiva para as
mulheres onde os homens não podem entrar, pois nela os véus são
retirados e as mulheres poderão exibir seus pentados e jóias, o que a
torna uma verdadeira competição. Segundo eles a mulher que possui
melhores jóias é a que tem melhor marido.
Para o povo Samburu o
casamento é uma serie de rituais elaborados. Se inicia pela preparação
dos presentes do noivo (duas cabras, dois brincos de cobre, um
recipiente para leite, uma ovelha) e de presentes para a cerimônia. O
casamento é finalmente celebrado quando um touro entra na cabana onde
está a noiva e sua mãe, e este é morto.
SENEGAL
Nas
tradicionais cerimônias de casamento desta região da África, os pais do
noivo envia o seu filho mais velho para a cada dos pais da noiva, e
junto com ele o dote (que pode ser em dinheiro, carros ou até casas). Os
pais da noiva a consultam para saber se ela aceita tal união. Após a
confirmação as duas famílias escolhem e marcam a data do casamento. Um
dia antes da data escolhida, a família do noivo promove uma festa para a
noiva e para prepará-la para viver com sua nova família. O casamento é
realizado na casa do noivo. Os pais recebem os convidados com comida e
bebidas não alcoólicas, enquanto esses trazem presentes em dinheiro,
bebidas, açúcar ou especiarias.
SUDÃO
No povo Neur
do sul do Sudão, o noivo tem de pagar de 20 a 40 cabeças de gado à
família da sua noiva e o casamento só é considerado completo depois de a
mulher ter dado à luz 2 filhos. Se a mulher não conseguir dar à luz,
ele pode pedir o retorno das cabeças de gado. No entanto, se o marido
falecer, a família do noivo deverá providenciar um irmão do falecido à
viúva e este deverá adotar as crianças do seu irmão como suas.
ZIMBABUE
Na tribo Shona, o
casamento é um processo que pode durar vários meses. O noivo paga um
dote para casar, porem quem decide a data é a noiva, e esta não avisa ao
marido, ou seja, a data é um segredo. Acompanhada de seus parentes ela
caminha até a aldeia do noivo coberta de branco da cabeça aos pés,
ninguém poderá ver seu rosto. Enquanto caminha, a família dança e solta
sons ululantes e preparam uma festa improvisada.
A
noiva coberta, percorre toda a vila ao passo que moradores e familiares
jogam dinheiro aos seus pés e cantam musicas sobre casamentos felizes.
Ela é consuzida por sua mãe, até a casa da justiça, uma espécie de
cartório, onde tira o véu. Sua família e os demais presentes a vê pela
primeira vez e uma grande festa com comida, bebida e muita dança é
servida até o amanhecer.